Entenda as eleições no Parlamento Europeu.
Entre 22 e 25 de maio, acontecem as eleições para o Parlamento europeu. São nelas, que os cerca de 380 milhões eleitores dos 28 países da União Europeia decidem os nomes que farão parte do conselho do bloco. Além disso, os eleitores ajudarão a escolher também o próximo presidente da Comissão Europeia. Veja abaixo sete pontos para entender a votação:
1. Grande abstenção: O Parlamento Europeu é a instituição dentro da União Europeu que passou por mais mudanças desde a sua criação. Entre 1952 e 1979, os deputados eram designados pelos Parlamentos nacionais e exerciam dois mandatos ao mesmo tempo, dentro de seus países e a nível europeu. A partir de 1979 a escolha dos parlamentares evoluiu para um sistema de eleição direta por sufrágio universal. Desde então, a participação nas eleições europeias passou de 62% em 1979 a 43% em 2009.
2. Distribuição de deputados: Os deputados do Parlamento Europeu são eleitos para um período de cinco anos e o número de cadeiras é dividido por país, de acordo com a sua população. Atualmente, há 766 deputados, mas a partir desta eleição o número cairá para 751. De acordo com o Tratado de Lisboa, assinado em 2007 e em vigor desde 2009, nenhum Estado membro pode ter mais de 96 deputados ou menos de 6. Deste modo, a Alemanha é o país com mais deputados, seguida por França, Itália e Reino Unido. Enquanto isso, na outra ponta, os países com menos deputados são Estônia, Chipre e Malta.
Mariane Roccelo/Opera Mundi
3. Equilíbrio de forças: Atualmente, o Parlamento Europeu possui sete grupos políticos diferentes: Partido Popular Europeu (centro-direita), Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (centro-esquerda), Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (centro), Verdes / Aliança Livre Europeia (esquerda), Aliança de Conservadores e Reformistas Europeus (centro-direita), Europa da Liberdade e Democracia (direita) e Esquerda Unitária Europeia / Esquerda Nórdica Verde (esquerda). Além dessas afiliações, existem outros 33 deputados que pertencem a partidos que não participam de nenhum grupo político. Para estabelecer um grupo político é necessário reunir ao menos 25 membros que representem pelo menos sete países.
4. O perigo eurocético: Um dos principais problemas destas eleições é a possibilidade de uma grande votação dos partidos eurocéticos e populistas. Dentro deste grupo, se encontram afiliações que defendem o fim da União Europeia e outras que querem que a instituição tenha menos poderes. Os principais representantes do primeiro grupo são os partidos UKIP (Reino Unido) e Frente Nacional (França), este último liderado por Marine Le Pen. De acordo com as últimas pesquisas, os eurocéticos passariam de 82 deputados a 147. Apesar de não formarem uma maioria para impedir a aprovação de tratados ou para paralisar as ações do Parlamento, o grupo pode levar ao pleno discussões sobre políticas migratórias mais duras ou sobre a diminuição de direitos de algumas minorias, como ciganos e muçulmanos.
5. Queda no apoio à UE: Desde o começo da crise financeira, a confiança dos cidadãos na União Europeia diminuiu drasticamente. Os países que foram obrigados a reajustar seus orçamentos ou que sofrerão intervenção direta da Troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) apresentam um aumento maior na desconfiança. Apenas os países com menor economia e população, que teoricamente mais se beneficiam pertencendo ao bloco europeu, têm uma visão positiva da UE. A única exceção é a Polônia, que foi pouco afetada pela crise econômica do continente e continua confiando no trabalho da instituição, ainda que menos que há 5 anos.
6. Partidos diferentes, mesma política: Uma das principais justificativas defendida por especialistas para o aumento do desinteresse dos europeus em relação à UE e a consequente melhora na votação dos partidos eurocéticos é a impressão, por parte de grande parte do eleitorado, que os dois principais partidos europeus têm os mesmos princípios e defendem as mesmas políticas, apesar de pertencerem a espectros políticos diferentes. Na legislatura que termina em 2014, o Partido Popular Europeu (centro-direita) e a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (centro-esquerda), que juntos têm 61% dos deputados, votaram juntos em 73,64% das questões levadas ao Parlamento Europeu.
Mariane Roccelo/Opera Mundi
7. Desemprego: Um dos maiores efeitos da crise e da adoção da política de austeridade na maioria dos países europeus foi o aumento do desemprego. Alguns Estados membros da União Europeia apresentam o maior índice de desemprego de sua história. A situação é principalmente preocupante na Grécia e na Espanha, onde mais da metade dos jovens com menos de 25 anos não têm emprego. Segundo analistas entrevistados por Opera Mundi, os partidos que conseguirem oferecer saídas concretas para este problema devem ganhar mais votos nesta eleição.
Fonte: Opera Mundi.
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