Iraque: onde estão os líderes da invasão uma década depois?


Dez anos após o início da invasão no Iraque, os maiores responsáveis pela guerra já não ocupam mais os mesmos cargos da época. O que eles mantêm em comum é a defesa do argumento de que o então presidente, Saddam Hussein dispunha, sim, de armas de destruição em massa. Tal justificativa, usada para a mobilização militar, no entanto, já foi descartada pela maioria dos especialistas e por governos que não concordaram com a invasão.


De março de 2003 até hoje, foram mortas cerca de 174 mil pessoas e ninguém foi julgado pela invasão. Saiba como e onde estão seis dos principais responsáveis pela Guerra no Iraque. 



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George W. Bush



Depois de oito anos à frente da Casa Branca, entre 2001 e 2009, George W. Bush voltou ao Texas, seu Estado natal, onde está aposentado. Principal defensor da invasão ao Iraque, Bush forjou a justificativa de que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa para angariar apoio da comunidade internacional em sua jornada.



Ao final de seu segundo mandato, não conseguiu eleger um sucessor do Partido Republicano – John McCain foi derrotado por Barack Obama em 2008. O texano deve entrar para a história como um presidente que gerou altos custos militares para os Estados Unidos, não apenas no Iraque, mas também no Afeganistão, tudo em nome de sua "Guerra ao Terror".



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Tony Blair


Principal aliado de Bush na invasão do Iraque, o ex-primeiro-ministro britânico mora em Londres e trabalha como enviado especial do Quarteto (grupo formado por ONU, UE, EUA e Rússia) no Oriente Médio.



Além disso, Blair também faz palestras em diversas partes no mundo, tendo passado pelo Brasil em agosto de 2012. Um mês antes, durante os Jogos Olímpicos de Londres, lançou uma nova fundação com o seu nome, que tem o objetivo de aproximar jovens carentes dos esportes.



Apesar das fortes críticas, Blair nunca admitiu que a invasão ao Iraque foi um erro.



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Donald Rumsfeld



Nesta terça-feira (19/03), por meio de sua conta no Twitter, Rumsfeld classificou a invasão como um “difícil trabalho de libertar 25 milhões de iraquianos" e considerou que "todos os que assumem um papel na história merecem nosso respeito e admiração".



O ex-secretário de Defesa dos EUA renunciou ao cargo em meio às denúncias de abusos cometidos por soldados norte-americanos na prisão de Abu Ghraib. Apesar da recusa de Bush em demiti-lo, Rumsfeld seguiu no cargo sem o prestígio de outrora, até sua saída definitiva, em 2006.

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Paul Wolfowitz



Então secretário-adjunto de Defesa dos Estados Unidos, Paul Wolfowitz é considerado um dos formuladores da estratégia de invadir o Iraque.



Depois de sair do governo norte-americano, Wolfowitz presidiu por dois anos o Banco Mundial, mas deixou o cargo após suspeita de fraude.



Na ocasião, foi acusado de lotear cargos da instituição para ex-colegas do governo Bush. As denúncias partiram de dentro do próprio banco, Foram os funcionários da banco, após a promoção da namorada do dirigente.




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Dick Cheney



Questionado nesta semana sobre as razões que levaram os Estados Unidos a defenderem a invasão do Iraque, Dick Cheney respondeu de forma irônica: “criar motivo para invadir um país é a parte mais fácil. Difícil é fingir que essa história é verdadeira por dez anos.”



Durante evento em Houston, Cheney, ex-vice-presidente dos EUA, foi além ao dizer que sua postura ajudará as futuras administrações do país. “Quando for hora de invadir o Irã ou a Venezuela, o presidente também fará terá vontade de fazer uso de uma razão completamente falsa.”



Ironias à parte, Cheney, de 72 anos, também defende que a estratégia adotada pelos Estados Unidos foi a melhor possível e apoia o uso da tortura como método de interrogatório.



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Ahmed Chalabi



Um dos principais opositores de Saddam Hussein, Ahmed Chalabi obteve uma vitória pessoal com a invasão do Iraque e a consequente queda do regime local. Iraquiano, Chalabi sempre teve contatos nos Estados Unidos, onde viveu a maior parte da sua vida.



De acordo com a rede NBC, ele recebia pagamentos regulares do governo norte-americano até maio de 2004.



Em 2012, Chalabi intermediou o diálogo entre Washington e a oposição do Bahrein, quando este país passava por uma série de protestos.

Repercussões dos dez anos de invasão


Um dia antes do aniversário de dez anos da invasão, organizações de direitos humanos e de veteranos contra a guerra fizeram um protesto em frente à Casa Branca para que os Estados Unidos assumam a responsabilidade pelo impacto causado no Iraque.



O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o secretário de Defesa, Chuck Hagel, prestaram homenagem aos mais de 4 mil militares norte-americanos mortos e os 32 mil feridos durante "uma das guerras mais longas", cujo sacrifício, segundo Obama, deu ao povo iraquiano "a oportunidade de construir seu próprio futuro após muitos anos de dificuldades".



Para os ativistas, embora as últimas tropas americanas tenham deixado o Iraque em dezembro de 2011, a guerra continua para os que estão sofrendo suas consequências. Durante o ato de ontem, as organizações Veterans Against the War, Center for Constitutional Rights, junto com as iraquianas da OWFI (Women's Freedom in Iraq) e Federeation of Workers Councils and Union in Iraq, apresentaram a iniciativa "Right to Heal" ("Direito a Curar"), com a qual pretendem conseguir uma indenização por danos.



"O governo norte-americano tentou justificar a guerra dizendo que podiam trazer a democracia a nosso país. Em vez disso, trouxeram violência e uma divisão mais sectária", lamentou o iraquiano Yanar Mohammed, presidente e cofundadora da OWFI.



A ONG HRW (Human Rights Watch), por sua vez, lamentou que, apesar das denúncias de abusos cometidos contra os detidos no Iraque, como espancamentos, simulação de asfixia e choques elétricos nos genitais, não foi feita uma investigação profunda, nem se responsabilizou altos cargos pelos "crimes de guerra".



A porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, deixou para os historiadores a avaliação sobre a guerra e apesar de assinalou os "avanços vistos" no Iraque na última década, reconheceu e o trabalho que ficou por fazer, em um dia em que uma onda de ataques causou a morte de 50 iraquianos e pelo menos 172 feridos.
Fonte: Opera Mundi.

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