Guerras atuais e alguns de seus personagens.
Os recentes conflitos na África deram origem ou realçaram a ação de novos e antigos personagens. Se durante a Guerra Fria as figuras mais importantes eram militares ou homens públicos, hoje seus papéis são, de maneira geral, secundários. Três figuras emblemáticas merecem destaque atualmente: o senhor da guerra, a criança-soldado e o refugiado.
Um dos principais personagens dos atuais conflitos na África é o chamado senhor da guerra. Ele não pertence ao grupo que está no poder, mas é muito poderoso. O senhor da guerra é, ao mesmo tempo, um combatente e um traficante. Combatente, pois lidera grupos armados. Suas vitórias lhe dão prestígio e seu interesse é prolongar o conflito o maior tempo possível.
Ele é também inescrupuloso porque se aproveita dos recursos da população civil e, eventualmente, interfere ou impede a ação de organismos internacionais de ajuda humanitária. É também um traficante porque participa dos circuitos ilegais de comércio, facilitando o tráfico de drogas, armas e outros produtos, como pedras preciosas. Para os senhores da guerra, as atividades militares e criminais estão intimamente ligadas. Um dos mais importantes senhores da guerra na África foi o líder da Unita, Jonas Savimbi, que durante quase três décadas dominou amplas área de Angola, até ser morto em combate em 2002.
Outro personagem dos conflitos atuais é a criança-soldado. Muitas vezes elas têm menos de dez anos e, embora não existam dados confiáveis a respeito, acredita-se que na África existam pelo menos mais de uma centena de milhares delas.
Seu “alistamento” quase sempre acontece de forma brutal. Após ter sido testemunha de atrocidades cometidas contra seus parentes, ela acaba sendo levada, “criada” e treinada pelos algozes de sua família. O desenvolvimento de armas cada vez mais leves pela indústria bélica tem facilitado a ação dessas crianças que, com certo destemor, encaram sua participação nos combates como se estivessem participando de uma brincadeira.
A presença de crianças-soldado foi constatada em mais de uma dezena de países. Além de Serra Leoa, os casos mais graves foram na vizinha Libéria, na República Democrática do Congo, Ruanda e Sudão. A ONU tem tido um papel importante nesses países na tentativa de reabilitar essas crianças e traze-las para um convívio das sociedades a qual pertencem.
Por fim, o “personagem” refugiado não tem sexo nem idade. Ele pode ser um homem, uma mulher, uma criança ou uma pessoa idosa forçada a deixar o local onde vivia para escapar da guerra e seu cortejo de horrores. Uma parcela significativa deles é composta de refugiados internos, isto é, pessoas que saíram ou foram expulsas de sua cidade, aldeia ou vila, mas não atravessaram fronteiras internacionais.
O número de refugiados aumentou consideravelmente nas últimas décadas. Mas, esse número muda constantemente em decorrência de acirramento de conflitos já existentes ou da eclosão de novos conflitos. Por exemplo, houve um aumento considerável do número de refugiados no norte da África em decorrência das revoltas que ocorreram na Tunísia, Egito e Líbia no início de 2011. Todavia, há ainda um enorme número de refugiados que ainda não conseguiram voltar a seu local de origem mesmo depois do encerramento de um determinado conflito. Assim, há um grande número deles em praticamente todas as regiões do mundo, especialmente no continente africano.
Fonte: Jornal Mundo
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