Encontro dos BRICS.


A presidente Dilma Rousseff reprovou nesta quinta-feira (29/03) o que chamou de “retórica agressiva” contra o programa nuclear iraniano. Em entrevista concedida logo após participar da 4ª Cúpula dos Brics (grupo de países emergentes envolvendo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Nova Délhi, ela considerou como “extremamente perigosas” as sanções comerciais contra o país persa, defendendo a busca de diálogo e a negociação pacífica.

Da esq. para a dir: Dilma Rousseff (presidente do Brasil), Dmitri Medvedev (presidente da Rússia), Manmohan Singh (premiê indiano), Hu Jintao (presidente da China) e Jacob Zuma (presidente da África do Sul).

Por sua vez, em comunicado conjunto, os Brics reiteraram o discurso da chefe de Estado brasileira, pedindo uma solução “por meio do diálogo” tanto no caso do programa nuclear iraniano quanto na violência na Síria.

“O Brasil não concorda com esses protestos retóricos de elevação do nível da discussão. Acho extremamente perigosas as medidas de bloqueio de compras do Irã (...) Achamos que é necessário que haja no âmbito do direito internacional, no âmbito da ONU, todas as tratativas buscando previnir conflitos. Em vez da retórica agressiva, se use diante do direito internacional, o direito dos países usarem energia nuclear para fins pacíficos, assim como nós fazemos”, afirmou a presidente.

Dilma pediu também que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) atue para que "as partes baixem o nível da retórica e se entendam".

Para Dilma, o momento é de busca pela negociação. “Achamos que é necessário que haja de parte a parte uma redução do conflito e se estabeleça um diálogo para que, no âmbito do direito internacional e não de decisão [unilateral por parte dos] países, sejam feitas todas as tratativas”, disse.

A presidenta acrescentou ainda que deve haver um esforço conjunto para “prevenir conflitos”. “Em vez de [adotar a] retórica agressiva, [devemos todos nos basear no] direito internacional, no direito dos países de usarem energia nuclear para fins pacíficos, assim como nós fazemos, e que haja um acordo, que se coloque a Agência Internacional de Energia Atômica [Aiea] a procurar que as partes baixem o nível da retórica e se entendam”, disse.

Desde 2010, a comunidade internacional ampliou as sanções ao Irã por desconfiar que o programa nuclear desenvolvido no país esconda a produção de armas atômicas. Os iranianos negam as suspeitas, informando que o programa tem fins pacíficos.

Síria

Sobre o conflito sírio, os cinco países pediram no comunicado final do encontro "o fim imediato da violência e das violações dos direitos humanos" e a promoção de um diálogo que "reflita as aspirações legítimas de todos os setores da sociedade síria", assim como o respeito de sua "independência, integridade territorial e soberania".

"Estimulamos o governo sírio e a todos os setores da sociedade síria que demonstrem desejo político de iniciar um processo assim, o único que pode criar um novo entorno para a paz", afirma o comunicado conjunto dos Brics. "Nosso objetivo é facilitar um processo político inclusivo liderado pelos sírios".

Cúpula dos Brics

Sobre o Irã, o grupo reconheceu o direito do país persa “ao uso de energia nuclear com fins pacíficos”. Também consideram não ser possível permitir uma escalada do conflito, pois as "consequências desastrosas" desta possibilidade não beneficiariam ninguém.

No campo econômico, os cinco países não fecharam acordo sobre o apoio a um candidato para presidir o Banco Mundial.
Fonte: Opera Mundi.

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