Agência nuclear da ONU aprova testes em usinas do Japão.
Especialistas nucleares da ONU aprovaram nesta terça-feira os testes elaborados para mostrar que as usinas nucleares japonesas podem resistir a outro terremoto e tsunami, à medida que o governo japonês realiza campanhas para reativar as usinas e para evitar um apagão no verão.
Foto: AP
James Lyons, diretor de departamento da AIEA, entrega relatório preliminar a Hiroyuki Fukano, diretor-geral da Agência de Segurança Industrial e Nuclear
O governo, porém, continua a enfrentar uma batalha para restaurar a confiança pública nas instalações de energia nacionais, após a tragédia de 11 de março que destruiu a usina nuclear de Fukushima, deflagrando a pior crise nuclear mundial em 25 anos.
A equipe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), baseada em Viena, esteve no Japão a pedido do governo para analisar testes de estresse conduzidos pela Agência de Segurança Industrial e Nuclear (Nisa, sigla em inglês) nos reatores parados, para verificar a segurança.
"Nós concluímos que as instruções da Nisa para as usinas nucleares e seu processo de análise para medidas de segurança abrangentes são de forma geral consistentes com os padrões de segurança da AIEA", afirmou o líder do grupo de dez pessoas da equipe da agência da ONU, James Lyons, nesta terça-feira.
"Estamos muito impressionados com o jeito como o Japão rapidamente implementou medidas de segurança emergenciais após o acidente em março. Eles também estiveram ativos em participar da comunidade internacional para determinar os passos que devem ser tomados adiante", disse Lyons aos repórteres.
Ele também destacou áreas em que o Japão pode melhorar, como a comunicação com as comunidades locais sobre os testes de estresse.
O governo do país aprovou também nesta terça um plano que limita a vida das usinas nucleares a 40 anos com prorrogação excepcional por mais 20 anos. O projeto de lei, que passou pelo gabinete japonês, e que segue agora para o Parlamento, pretende reforçar a segurança das centrais do Japão.
Dos 54 reatores de uso comercial existentes no arquipélago, existem três com ao menos 40 anos, incluindo o número 1 da planta de Fukushima, e muitos outros estão próximos de alcançar essa idade.Antes de conceder a prorrogação extraordinária, o governo japonês revisará o grau de desgaste dos reatores e a capacidade tecnológica da empresa operadora para garantir a manutenção dos equipamentos.
O plano do governo exige adequação às novas medidas de prevenção das centrais diante da possibilidade de que uma catástrofe pudesse danificar os seus reatores. Ele estimula a adoção de medidas contra a emissão em massa de substâncias radioativas ao ambiente em caso de acidente e evita episódios como o de Fukushima, que chegou a emitir 800 trilhões de becquereles por hora imediatamente após a catástrofe.
O projeto propõe a criação de um órgão de controle ligado ao Ministério do Meio Ambiente em substituição à atual Agência de Segurança Nuclear, atrelada ao Ministério da Indústria e que foi muito criticada por sua conduta no caso da energia atômica.
Atualmente, 51 dos 54 reatores do Japão estão parados por segurança ou em trabalho de manutenção, o que obrigou a aumentar a atividade das centrais térmicas de um país que antes do acidente obtinha 30% de sua energia das usinas nucleares.
Nenhum dos reatores paralisados tem autorização para retomar as operações até serem concluídos os testes de resistência e obtenham autorização das administrações locais, até agora contrárias à reativação.
O Instituto de Economia Energética do país prevê que, em caso de que não sejam retomados os reatores parados, Japão sofrerá déficit energético de ao menos 7% nesse verão, período de maior consumo.
Fonte: Último Segundo.
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