Fim de subsídio a álcool nos EUA teria pouco impacto no Brasil.


O possível fim da tarifa de importação de álcool e dos subsídios ao etanol americano, aprovado ontem pelo Senado dos EUA, tem pouco impacto comercial para o Brasil, pelo menos no curto prazo.
Mas, se confirmada, a abertura do mercado dos EUA deve incentivar novos investimentos e estimular a expansão do setor.
Pela proposta, haverá o fim do crédito fiscal de US$ 0,45 por galão de etanol, assim como a eliminação da tarifa de US$ 0,54 por galão sobre o etanol importado. Cada galão tem 3,785 litros.
Como a produção não acompanhou o aumento do consumo doméstico, hoje o avanço das exportações está comprometido. Mais do que isso, o país tem sido obrigado a importar mais para abastecer o mercado interno.
Na safra atual, que começou em maio e vai até abril de 2012, a região Centro-Sul, responsável por 60% da produção nacional, deve dobrar as importações de álcool.
O volume adquirido do exterior deve passar de 215 milhões para 450 milhões de litros, segundo estimativa da consultoria Datagro.
Considerando também as importações necessárias para abastecer o Norte e o Nordeste, o volume total deve atingir 770 milhões de litros, aumento de 70%.
Mais de 90% vêm dos Estados Unidos. "Neste momento, nós precisamos mais deles (americanos) do que eles de nós", afirmou Plínio Nastari, presidente da Datagro.
As exportações sobrevivem graças aos novos usos desenvolvidos para o etanol, que se tornou matéria-prima para a produção de plástico verde, por exemplo.

VENDAS EXTERNAS
Segundo a Datagro, as vendas externas devem ter leve queda de 1,5% e atingir 1,9 bilhão de litros na safra 2011/12. Do total, apenas 450 milhões de litros, ou 23%, são álcool combustível.
A relativa estabilidade nas exportações e o aumento nas importações refletem a queda na produção de cana-de-açúcar nesta temporada, a primeira em dez anos.
Serão processadas 600 milhões de toneladas em todo o país, ante 620 milhões de toneladas na safra 2010/11, conforme a Datagro.
A perda de 20 milhões de toneladas está concentrada no Centro-Sul, e é resultado de problemas climáticos e da falta de investimentos.
A crise de 2008 afetou o setor e, desde então, os aportes são dedicados a fusões e aquisições, com pouco espaço para investimentos na renovação dos canaviais.
A moagem de cana passou de um ritmo de crescimento de 10% verificado desde o início da década para 3,5% a partir da safra 2008/09, segundo a Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar).
INCENTIVO
O fim do subsídio americano pode ser visto como um marco para o setor. "Os EUA mostram que o etanol merece ser considerado uma commodity global, o que pode abrir outros mercados", diz Julio Maria Borges, diretor da consultoria Job Economia.
Para ele, a liberação às importações deve estimular um novo ciclo de investimentos no Brasil. "Entre os próximos cinco e dez anos, há potencial para exportar", diz.
"Podemos perfeitamente planejar nosso crescimento para atender oportunidades de mercado que vão surgir ao longo desta década, tanto dentro quanto fora do Brasil", disse Marcos Jank, presidente da Unica, em nota.
Fonte: Folha.com

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